segunda-feira, março 21, 2005

“A cena do restaurante

(Parental Advisory...)









“A cena do restaurante”


Vamos lá falar de cenas que os mans não falam com as ninas.
É engraçado, mas um gajo tem sempre esta necessidade de as tratar com estas designações curtas. Em grande parte sei, por experiência própria, que é mais para mostrar afecto, carinho, e amor.
Temos assim os casos de nina, mina, bebé, mor, doce. Vou só indicar alguns senão a malta não saía daqui e ia trabalhar...
No caso de “doce” temos aqui um ligeiro problema. É que pode estar integrado em dois grupos. Só depende do ponto de vista do emissor e do receptor, mas também do contexto em que é enviada a mensagem. Do ponto de vista do receptor, ela pode levar a mal se entender mal a cena, por achar que estamos com vontade de a comer... ou então não estamos bem com a vontade toda e queremos só dar umas lambidelas...
É lixado mas é assim que muitas relações acabam.
Pah um gajo arranjava outros nomes se tivesse criatividade e à-vontade suficientes com a babes, né? Agora vamos buscar cenas do género: boca doce, pudim, sonho, caramela... Enfim, todo um rol bastante variado de nomenclaturas a que podemos recorrer quando nos referimos a elas mulheres.

E com tanta cena a que podemos recorrer, um gajo às vezes atrapalha-se e vai buscar um nome menos próprio para a ocasião.
Tipo, tou à mesa com ela, num restaurante, e ela chama-nos mor... (a demonstrar afecto e carinho), e a malta quer retribuir esse gesto, e com bondade, mas sem saber a que palavra recorrer do vasto reportório e a somar a inquietação que é estar ao pé duma nina ainda nas primeiras vezes, em que um gajo não sabe o que é que tem de dizer, o que ela não gosta de ouvir e cenas do género e ainda - a somar o facto de estarmos num restaurante tradicional, em que estão presuntos pendurados no tecto, em exposição... vou de dizer:

“És uma querida, presuntinho...”

Man... é certo e sagrado que os 5 segundos que se sucedem vão parecer uma eternidade... É que pelos cálculos que um gajo começa a fazer, só depois de dizer é que me apercebi que aquilo tinha sentido dúbio, ou seja – acompanhem lá o meu raciocínio ou pelo menos, aquilo que pensei naquela altura:
1 - Presuntinho = carne; a carne come-se, portanto... já a partir daqui ela poderia achar que eu a queria “comer”...
2 - Presuntinho = carne; a carne come-se; presunto é carne de porco... Desta maneira, notamos que no seu subconsciente, o raio da miúda podia estar a pensar que eu a estava a chamar porca, badalhoca tipo, senhora de profissão duvidosa e isenta de impostos. (Mulher a dias?... Nãh... Aquilo que estas “mulheres a dias” limpam do chão do motel não é Cif de certeza...
3 – Presuntinho (segunda versão) = carne, a carne come-se, presunto é carne de porco; os porcos são gordos... E a partir daqui é o cúmulo da desgraça. Pois se ela estiver a achar que eu a chamei de gorda... Man, o ter chamado porca, ou badalhoca, ou que a quisesse comer passam ao lado - não chegam aos calcalhares de gorda!...

Por acaso é uma palavra engraçada. Gorda. Fica mais curtido quando é dito com pronúncia do norte. Tentem lá comigo: guorda... guorda... guorda...
Tenho a certeza de que era apenas isto em que ela estava a pensar.

Mas é que quando um gajo não tem a certeza de que disse aquilo que devia ser dito, é exactamente isto que acontece.
E então começa... o horror... O calafrio arrepiante que me fustiga a espinha, a gota de suor que insiste em deter-se na testa, passa depois pelo canto do olho, escorre pela face até ao queixo, e tentem imaginar esta cena saída de mais um episódio da BBC Vida Selvagem:

– Em câmara lenta a gota acumula-se na extremidade do queixo, preparando-se para a sua queda fatídica. Ela desvia os olhos por momentos de mim, vê os presuntos pendurados... E retoma a sua posição mas agora não com a mesma inclinação de cabeça – Está baixa, o pescoço arqueado e as suas mãos largam os talheres, se bem que a faca seja a última coisa que ela larga... – Mas larga, e isso é um acto de compaixão, no fim de tudo. Volta a olhar-lhe nos olhos, com os olhos em fogo, e eu estou... eu tou borrado de medo, pah...

Porquê? Porque eu sei que fiz merda e vou levar!

Agora, eu só não sei se ela vai ter coragem de me sovar ali mesmo, no meio do restaurante, ou se vai deixar pa mais tarde, pa quando estivermos no carro ou em casa. E tenho medo disso. Só o terror que é pensar em tal leva-me à loucura cega!
Encontro-me agora num pesadelo em que eu próprio criei sem intenção. Não sei como me safar e apenas sei uma coisa: duma maneira ou de outra...

– Vai haver molho...

Tipo o castigo, nestes casos, pode até ser os namorados ou casal não se falar durante algum tempo; pode ser dar um valente desprezo ao gajo; pode até ser deixá-lo a falar sozinho para a porta da casa de banho... Mas não... A malta sabe, e as ninas aqui sabem que...

– vou ser sovado!...

Só da história, esta senhora aqui na primeira fila já tá com vontade de sovar alguém... Se calhar é porque já passou pelo mesmo ou parecido... Sei que vai haver merda lá em casa no final da noite mas isto tem que ser assim - as Cenas do Tico também têm um lado pedagógico...

... E aqueles olhos… vermelhos de raiva e ódio... A terrível ideia de pensar no que poderá estar na mente daquela jovem naquele momento leva-me a uma incessante reza a Deus e os Santos para que me livrem desta alhada... Mas man, Deus tá-se a cagar nestas alturas, o gajo quer até que passemos por estas cenas pa ficarmos mais preparados... mas também, porque tem sentido de humor e se quer rir!... Claro que tem sentido de humor. Veja-se o sentido de humor que não teve ao dar a óptima oportunidade às mulheres de sangrar uma vez por mês?

... E aqueles olhos… Vermelhos de sangue e cólera...
É mais forte que ela... Ela não o consegue evitar. As ninas não o conseguem evitar porque são assim mesmo. Faz parte da condição de fêmea, soltar de vez em quando os impulsos emocionais e físicos. Isso creio que está ponto assente, não em enciclopédias do corpo humano, nem muito explícito em livros de psicologia, mas está bem claro nas nossas mentes pelo constante convívio com as mulheres ao longo dos tempos.
E como não o consegue evitar... A energia é canalizada para o braço direito... Ela sente esse impulso, e sabe simplesmente que não vai conseguir controlar essa força e pior - ela quer libertar essa força, esse ímpeto voraz de violência.
E que força, por Deus... Man, eu sei que o que vem lá não é bom...
Ela, inconscientemente, está preparada, e eu sei que a qualquer momento ela libertará a mão num movimento furioso para uma fulminante bolachada!... Por isso é que tenho de estar atento e reflexos apuradíssimos para deter aquela mão ou desviar a cara mas, fogo... todos aqui sabem que quanto mais um gajo reflecte mais se abstrai da realidade e aí, as probabilidades de levar na boca multiplicam-se exponencialmente...

... E a gota, atinge dimensões que desafiam a lei da gravidade nos seus termos de escala.
Eu sei que a gota está lá, só não sei que ela sabe que a gota está lá. E essa gota é o mais puro e inocente sinal de... medo.
Man, é tipo nos filmes de cowboys, com aquela música tão conhecida. Ambos sabemos que o cair da gota será o sinal...
(Man, eu tou com medo só de contar isto outra vez...)
Eu tou gelado só de pensar que vou levar um tareão de meia-noite mesmo ali no meio do restaurante! Eu sei que não vou poder acabar a refeição descansado, (e ainda por cima é Carbonara, sabe o Man quanto eu gosto de massas), sei também que vou ter que pagar a conta e sair apressado atrás dela, e sei que vou ter que fazer tudo isso... sem deixar de mostrar um ar sereno e tranquilo, tentando disfarçar cara bem marcada de valente estampilha...

Ninguém sabe bem ao certo o que provoca esta cólera nas mulheres. Os homens não sabem o que provoca estes comportamentos pois são bastante subjectivos. Porque não nos ensinam estas coisas, pah? Ninguém nos ensina o que deve ser feito, quando deve ser feito nem o que devemos dizer. Pelo menos é isso que acontece nos dias de hoje. Um gajo se quer saber mais tem que se desembaraçar sozinho, tem que ir por ele à procura das respostas a estas perguntas. Ou então aprender pelo método tentativa e erro...
Prometo tomar isso em consideração e não vos desapontar, mas mais à frente... Porque agora meus amigos, aqui o amiguinho...

– Vai levar na tromba...

... A gota está pronta para cair, só está à espera dum impulso nervoso do aqui do hospedeiro, um tremor ou um calafrio que faça desabar toda a estrutura a que se pega à pele e barba feita, ou então duma última gota de suor que já vem a caminho, e com o caminho já aberto pois segue o trilho protagonizado já pela primeira gota...
A mão dela está pronta. Está ao mesmo tempo rígida e relaxada. Está relaxada pois já está habituada a esta situação. Sabe que não será a primeira vez, nem será a última... Está solta e pronta para o impacto. Está... está descontraída. Mas é uma descontracção falsa. É uma descontracção falsa pois ela não quer denunciar que vai fazê-lo, que vai realmente arrebentar-me a cara ali no meio do restaurante, man!...

Man e eu não percebo isto... Porquê o jogo?!... Porquê esta guerra de olhares?! Porquê o exasperar sem sentido?!... Que no fundo, tem sentido sim. Elas sabem que sim. Sabem que provocam toda esta revolução de pensamentos que nos assolam a mente. Sabem-no e fazem-no com uma primazia fantástica. São sedutoras e mestras no que diz respeito a estas torturas.
E que torturas?

“Ó Tico conta lá as torturas por que tu já passaste nas mãos delas?”

Pessoal, não vou contar todas... Mas a mais lixada é mesmo – o desprezo...
Man, não sei se todo o pessoal aqui é da mesma opinião. Pronto há aí um gajo que tem adição sexual mas isso não vem bem ao acaso agora. Talvez noutro texto.
Man, vocês sabem de certeza... e vocês, miúdas, sabem isto perfeitamente – melhor do que eu até, que o desprezo é das vossas melhores armas...
Porquê?... Man, que melhor forma de derrota há se não a de vermos os nossos inimigos derrotarem-se a si próprios?...
É que nem precisam de mexer uma palha. Basta não nos telefonar, não enviar uma mensagem, ou mandar o mais curto mail...
Nem uma porra duma simples mensagem sms...
E a malta depois fica a anhar... É ou não é?... Quantos por aí sentiram isto na pele?... Quantos o sentem no dia a dia?... É um cenário negro, não é?... Bem, ao menos não se podem queixar duma coisa: nunca poderão dizer que a vossa suposta nina nunca vos... fodeu...
“Man, atão safas-te ou é só beijinhos e cumbersa?”
“Man a minha miúda tá sempre a foder-me, pah. A miúda não pára de foder-me... a cabeça..."

Epah... É que estes jogos de desprezo são tão fodidos, pah que a malta fica... não sei... louca? A malta enlouquece com estas merdas, man.
Tipo: tá um filme muita louco no cinema. O pessoal quer ser nice e convida-a. Para poupar guita, que a malta ainda é jovem né, manda um mail, aproveitando para dizer mais algumas coisas até porque elas gostam disso, dum nino que goste de escrever, de falar, de mostrar um lado mais sentimental... Ou não? Nunca sei... mas adiante, um gajo manda um mail e tal... Acham que elas respondem?...

– Boca!...

Man, é típico.
Mas pronto, um gajo até tenta perceber a cena delas, e conseguindo-se imaginar na pele delas percebe que ela se poderá ter esquecido ou que ainda não teve tempo de responder.
Assim, se vocês curtem mesmo a nina vão de lhe mandar um sms.
Man se há coisa que irrita mesmo... É a porra de telemóveis com limite de caracteres por mensagem. Um gajo pensa que tá a escrever muita bem, que tá tudo nice, e que vai ter espaço para escrever tudo aquilo que quer dizer e... "Pim"... Sem mais espaço... Depois um gajo fica aflito... (Isto pa não voltar a escrever fodido) … Depois lá temos nós que andar a apagar letras, reduzir nos espaços, cortar palavras, e uma mensagem que supostamente deveria ficar:

“Nina, já há algum tempo que não falamos. Gostava de te poder ver brevemente para podermos estar juntos de novo pa ver se pomos a conversa em dia e namorar um cadinho. Gostava também de saber se na Segunda Feira curtias ir ao cinema comigo ver o filme “As amigas do meu namorado”?

... Fica qualquer coisa do género:

“Nina, curto-te bué. Bute falar uma beca na segunda, gostava que visses as amigas do meu namorado”...

Pah... Man, com uma mensagem destas qual era a miúda que ia ligar a um gajo outra vez?... Isto há coisas do diabo pah...

Abreviaturas.
Isto acontece quando elas têm muito mais experiência do que nós a escrever mensagens em telemóveis. Eu uma vez conheci uma miúda que era tão rápida a escrever mensagem que até fazia impressão. A gaja era tão rápida a escrever a porra da mensagem que antes de carregar no botão de enviar já tava a receber o relatório...
Man, ela conseguia escrever: “pai precisava urgentemente que fizesses a transferência pois preciso de pagar a mensalidade e pagar várias contas”... mas tipo em 10 segundos... Man, aquilo era demais. Os dedos não carregavam nas teclas – eles voavam sobre o raio do teclado. Parecia um bailado de dedos.
Nunca cheguei a saber se o pai compreendeu realmente a mensagem. Mas man, que o dinheiro chegava sempre, chegava! Sabe Deus o que é que ia na cabeça daquele pai:...
“Man esta gaja tá a ficar cada vez mais maluca pah?! Atão só manda uma mensagem quando já está quase a morrer à fome?... Olha só a maneira como ela mistura tudo... Parecem gatafunhos...”

Esta cena das abreviaturas é tão lixada, que no outro dia uma nina me enviou uma mensagem assim:

“Merda”

Pah, eu até fiquei entusiasmado com aqui e respondi-lhe no mesmo código, pensando eu que já sabia daquilo. E então escrevi:

“Tarada”

Aquilo deu porcaria logo. A miúda foi-se queixar ao pai e tal, e o sou chamado a confrontá-lo, com ela presente.

Diz o pai dela:
- “Olha lá rapariga, tinhas alguma coisa que mandar uma mensagem daquelas ao rapaz?
- “Mas ó pai, eu só queria dizer:“
- “Man, és o rei da água”
- “Humm… Tá bem. E tu pah?”
- “ O qu’é qu’eu fiz?!...”
- “Atão tinhas alguma coisa que ofender a miúda daquela maneira?”
- “Mas eu só queria dizer:”

“Tou aí rainha, antes do almoço!”...

Não sei realmente o que é pior, se não receber qualquer mensagem se receber mensagens incompletas.
Se é que pior do que deixarem-nos à nossa sorte sem saber o que fazer, se estamos a fazer alguma coisa de mal; se estamos a ser machistas ou demasiado românticos; ou não mostramos personalidade, ou se é melhor mandarem-nos sms’s ou mails em que não recebemos a totalidade da mensagem. Ou então são elas que o fazem de propósito. Mas man, isso já me tem acontecido. Deixam-nos ainda mais perdidos pois pode haver um sem número de conclusões para a mensagem. E a malta fica a pensar:
- “Porra atão e agora? Ela vai andar comigo ou não?”
- “Porra… atão e agora? Ela queria acabar comigo ou não?”
- “Man, atão e agora?... Vou ser pai ou não?!... Devo festejar ou atirar-me da ponte?..."

... É lixado um gajo ver a miúda depois dela nos enviar uma mensagem daquelas. Um gajo não sabe bem como reagir. Não sabe se ela vai estar feliz ou zangada... E como não sabemos isso também não sabemos como devemos reagir. Bem podemos ligar aqueles pensamentos lamechas que dizem que devemos ser nós próprios e isso tudo mas man, acho que nada nos prepara para essa notícia. Só sei duma coisa, se ser pai for um castigo pelas merdas que um gajo fez durante os tempos de infância e juventude - ou ainda melhor: se, por castigo, tivermos uns filhos que façam exactamente as mesmas asneiras que nós então meu - tenho mesmo de ter medo... E ainda por cima, sabendo eu que Deus é uma pessoa fenomenal, mas também que tem um sentido de humor apuradíssimo – da primeira leva vão logo sair gémeos, de certeza!...

Medo... Medo... Medo...

E é quando a gota de suor que estava no queixo se deixa finalmente cair, que acordo do transe em que tinha estado desde há cerca de dois segundos que no fundo me pareceram uma eternidade, tal como confirmava Einstein...
Man, eu sinto mesmo a gota a despegar-se, baixo os olhos para a ver cair, e aí... parece que esse medo se tinha despegado de mim tal como a gota de suor. Já não tinha medo!
(... A gota ainda vai a cair, atenção...)
Ali estava e dava-me finalmente conta da merda que tinha feito e queria tentar redimir-me de algum modo. Ia de alguma forma arranjar maneira de o fazer. Tinha que o fazer se queria não só sair daquele restaurante ileso, mas também não perder aquela miúda. Man é difícil arranjar uma miúda decente hoje em dia. E aquela parecia ser uma bem porreira.
Portanto, já não tinha medo, tinha caído em mim, e via agora a gota a cair nas minhas calças.
No preciso momento que antecedia o tocar da gota nas calças... Sinto algo para dizer e realmente faço o esforço muscular para gesticular a língua e balbuciar qualquer coisa. Vou justamente a abrir a boca para tal quando reparo que do meu lado esquerdo... está um vulto, qualquer coisa de grande, uma sombra em primeiro plano...
Man, eu tento aperceber-me do que é... mas não demorei muito, porque olhei num instante para ela, e lembro-me que ela tinha ainda há pouco os dois braços na mesa... e eu disse a mim mesmo:
- “(Man ela ainda há pouco tinha dois braços... Eu sei que ela tinha dois braços man, porque viemos de mãos dadas para cá... Eu nem tive que a ajudar a cortar o bife nem nada pah...)”
Eu sei que... não me valia de muito sequer, tentar localizar aquele braço e aquela mão. Eu sabia instintivamente que vinha aí!... E disse a mim mesmo, pronto, tou mesmo fodido... É agora que o pesadelo vai começar a sério...
Man, só sei que fechei os olhos instintivamente...

– ...Stapafff!!!...

... Man... levo uma galheta tão grande... Porra - a miuda tem mão pesada... Eu já tinha escrito sobre ninas de mão pesada. Como pude não ver isto...
A dor... A dor inicial era a minha preocupação instintiva no primeiro segundo.
A primeira coisa que saiu da minha boca logo a seguir, nem foi aquilo que estava a pensar no preciso momento que precedeu o estaladão. Man, mais uma vez era traído pela minha inquietude com miúdas que não conheço à muito tempo. E o que era suposto sair como um pedido de desculpa meigo e de remorso... saiu algo do tipo:

- “O qu’é qu’eu fiz?!...”


- “O qu’é qu’eu fiiiiiz?!...”

Foi nesse momento, enquanto está ela ainda a pegar na carteira, a preparar-se para se levantar, que me apercebi dum outro truque que elas usam para juntar ao jogo do desprezo que elas fazem:
Man - é rara a miúda que vos vai responder numa situação destas!... Elas adoram fazer isso. É das melhores coisas que elas fazem... antes das falinhas mansas...
Falinhas mansas é algo do género:
- “A gente depois fala lá em casa...”
Ou ainda uma assim:
- “... E a gente vê-se...”

Man os olhos dela já estão muito menos rubros... Mas o que ela não tinha nos olhos tinha eu na cara... Os capilares estavam tão entumecidos que pareciam querem sair poros da pele... provavelmente para eles próprios poderem ver o que é que lhe tinha batido!...
Toda a face palpitava com o bater do coração... Não me lembro da última bordoada que levei... Mas deve ter sido há já muitos anos.
Por um lado até parecia que precisava disto. Mas porra, eu não sou masoquista... Pelo menos acho que não... Já me valeu ter passado por casa dos meus pais e ter saído de lá vivo, man!...

Já com ela já a levantar-se da mesa, eu levanto-me também, agarro-lhe o braço ao de leve e fico de atalaia ao outro. E então eu digo algo esperto do tipo:

- “Mas ó rapariga - eu não te chamei gorda... E que eu saiba, uma gaja da tua idade não se devia importar com isso...”

... ... ...

Man... Vocês desculpem... mas não sei bem por que razão... não me consigo lembrar de mais nada desse dia...


Tico
21.3.2005
21h00






Querem ser pessoal nice? Enviem a vossa crítica ou mesmo o vosso cu-mentário para:

tm_designs@hotmail.com

Mais cenas do Tico, brevemente.