quarta-feira, fevereiro 21, 2007













"Ode às gentes do mar"


Ó boa gente
Que no mar plantais redes
Deixai cantar decentemente
Estas palavras que aqui vedes...

Ora se vos vê em terra
Ora se vos vê no mar,
Se a rede furada já era,
É só ver-vos a fumar..

Por mares de Cascais,
Onde de vocês nunca vi mais,
Vou eu surfando o vento.
Mas as águas cheias de covos,
Se não fossem para alimentar povos
Muitas cordas cortaria de serem tal tormento…

Mas nada disso me posso queixar.
Tenho até muitos a quem agradecer.
E é mais por isso que me vão aqui deixar
Pois é mesmo isso que devo fazer.

Àqueles a quem pedi boleia,
E àqueles por quem fui salvo,
Àquelas que passaram por sereia
E a todas as que mirei como alvo…

O meu profundo agradecimento
Por me fazerem estar ainda aqui a escrever,
E conseguir aguentar o que aguento
Que apesar de não ser o meu sustento
Vai-me dando muito que fazer.

Aos pescadores de mão pesada
E aos mergulhadores de botija,
Às moças sem pêlo, (mesmo nada)
E àquelas de "barba" rija;…

Ao meu grande Guru
Que ainda muito me ensinou.
Apesar de não fazer um cu…
Uma grande amizade ficou;

Carioca de gema
E brasuca de pele escura,
Sunga desbotada
E olhar de diabrura;

Ao meu Guia Espiritual
Pela sua ajuda e carinho
Por me ter ensinado o ritual
E ter pintado o meu carrinho…

O lugar do Guru não poderei ocupar
Isso posso garantir com sinceridade.
Mas uma coisa ele pode esperar:
Que encontrará em mim um amigo de verdade;

Às moças do mar,
Que me fazem forte e coeso
Com o seu desdém de olhar
Mas que no fundo - "o" têm teso…


Aos grandes exemplos de força e coragem
Que para mim são exemplos amiúde –
Amigos e família de uma e outra margem
Que me fazem estar grato por ter muita saúde.

A este mar imenso e a estas gentes
Que vão assistindo a meus azares frequentes
De uma vida atribulada,

Os meus agradecimentos mais uma vez,
Por tudo o que essa gente fez
Mesmo na sua vida atarefada.

Tico
15.2.07
23h52


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