sábado, abril 07, 2007

Tico's wind sessions reports - Cascais 5.4.07


Olá malta,

Espero que estejam todos inteiros... Se eu estou aqui a escrever é porque estou e com uns niveis de confiança, ânimo e adrenalina fantásticos.
A coisa começou bem quando fui fazer um electrocardiograma com prova de esforço, em Lisboa.
Além de correr tudo bem (não fui assaltado nem nada e até me entendi com transportes públicos) informo com muito orgulho e satisfação que estou são como uma RS-6 acabada de sair da fábrica e rijo como um mastro 5.20 da Trybord... =)
Tive excelentes prestações e nada de mal a apontar.
A razão porque o fiz foi porque queria muito saber ao certo qual era a minha condição física e mais em concreto saber em que estado se encontrava o meu coração, tantas que foram as vezes que se partiu por miúdas desnaturadas... =) A verdade é que está bem forte, animado, livre, inspirado e rebelde!

Ospois de chegar a casa e contar as notícias, vi que ainda tinha tempo para dar um salto em Cascais e aproveitar a nortada que sabia que ia carregar.
Não querendo montar a 8.4 por não ter um mastro suficientemente "flexível" nem querendo montar a 6.5 por já saber que sumo tirar dela e o que aguenta, decidi ir com a velhinha, assassinada, maltratada, desconjurada, vilipendiada mas nunca esquecida e sobretudo - amada - vela Gaastra Nitro 7 de 3 cambers. Ano?... Não me perguntem, pelo maltratada que está deduzo que seja aí de 2000 ou 2002. Fico muitíssimo satisfeito e de certa maneira dá um pouco de gozo secreto, ver que apesar de tão velhinha e f... estragada ainda dá na pá a material maior e mais recente. E não estamos própriamente a falar de massaricos... Muito pelo contrário - estou muito satisfeito por ver esta meia dúzia de colegas de wind a sairem do Clube Naval cada vez com mais regularidade. Mais me orgulho por ver que estou não ao seu nível, mas melhor...
Isto meus amigos não há que estar com meias medidas e falsas modéstias - quem sente que está bem e está a andar ao mais alto nível não só não tem medo de o afirmar como o faz com toda a segurança. E é isso que estou a fazer... :)

O nível de confiança era tal que, mesmo estando tanto vento e um certo desconforto pelo frio, e ainda mais pelo gelada que ainda estava a água, entrei apenas de calções e licra... Nada de fato 5.3, nada de colete de flutuação.
Fiquei satisfeitissimo por saber que afinal posso repetir isto mais vezes e ainda por cima sem licra, o que significa que aquele bronze de surfista (apenas pés, mãos e cabeça bronzeados...) vai acabar.
O melhor é que mesmo nas alturas mais críticas, em que ora a velocidade nos longos bordos (da Azarujinha até rondar à frente do Clube) é tanta que a prancha quase vira o boneco, ora nos jibes a fundo - fazia-los sem medo e só ao quarto talvez me tenha desleixado, não por fadiga, mas por à frente do Clube o vento ser um pouco incerto. Nada de mais, cai-se para trás sem vento, levanta-se, sacudimos o cabelo, larga-se um escarrito ao sabor do vento e continua-se anotanto na memória que naquele spot o vento pode quebrar.

Amigos... a 111 voava baixinho e com uma estabilidade incrivel. É certo que houve alturas em que desejei ter menos litragem e menos largura para cortar bem a mareta que, apesar de mínima, a alto speed surgem como muros prontos a desafiar qualquer bravo destemido.

Pé de mastro para trás (dois dedos atrás do meio), retranca alta mas três dedos abaixo do limite da abertura de manga, vela folgada para mais power e estabilidade, e cabos de arnês um pouco mais para trás.
A combinação era infernal!
Não ligando ao isso até de certa maneira fazer juz ao meu número de vela, não seria neste dia que ía mandar tudo para o inferno no caso de dar uma catapulta ou retrancada na prancha por excesso de overpower. Como disse anteriormente, gosto de andar em overpower. É uma maneira não só de andar mais rápido mas tanbém de nos levarmos a extremos fornecendo-nos isso uma adrenalina absolutamente incrível.
(É aí que todos os bolos da avó e da mãe e todas as gulodisses desaparecem...)

Acabava eu o segundo ou terceiro bordo, juntaram-se a mim e ao Rucca e a mais um companheiro de RS-X (já me referi a ele anteriormente com o número de vela POR-77), mais três "winders" cada um com velas Neilpryde V8 8.5 e pranchas AHD Tracer (se não estou em erro). Litragens? Não parei para perguntar... Sei que não só não me apanharam como a "princesa" ainda conseguia bolinar mais. (Um kit de unhas também deve ter ajudado, não?) =)

Os picanços sucediam-se a um ritmo frenético e a uma velocidade assustadoramente veloz, e o Tico ali no meio, o único apenas de calções, curtia ao mais alto nível aquele estado de euforia e bem-estar.
Quem em terra, nas várias praias a “partir pescoço” se dava conta daqueles raides radicais não deixava de fazer questão de ver e acompanhar aquela sessão de treinos.

Eu e o Rucca picávamos brilhantemente. Ele com uma Screamer 133 e vela Simmer 7.5 com dois mini cambers conseguia, como já tem feito diversas vezes sendo por isso um dos colegas winders com quem mais gosto de navegar, acompanhar-me a alta velocidade em cada bordo, mas perdia nas quebras de vento, o que não deixo de achar estranho. Ele com certeza também tal eram os chorrilhos que bradava aos céus e à inocente vela… =)

Os raides com a malta do Clube eram não só, no mínimo, perto de alucinantes como divertidos e de teor pedagógico forte! Não só pela velocidade que alcançávamos mas pelo teste de técnicas de cada um face a diversas condições alternadas ao longo do percurso – mareta, corrente, vento a mais, quebras de vento, bolina, través, largo, etc…

Não me dei conta da saída do rapaz (creio que mais velho que eu) da RS-X. Não sei se se cansou ou viu que as condições estavam a ficar fortes demais para ele. Ainda fiz grandes tiradas com ele e porta-se razoavelmente bem. Ao mesmo tempo que estava agradecido por ter feito as escolhas certas em relação ao meu material, não deixava de sentir que também queria ali a minha Formula e 9.8 para nos ajudarmos a treinar um ao outro, não obstante serem tipologias diferentes.
O Zé, o nosso rookie de momento, tentava sem sorte aprender e habituar-se a meter os pés nos footstraps para aí então tirar todo o gozo deste desporto fantástico. Via ao menos que se esforçava. Mais um pouco e estará pronto no verão, se o grande Man quiser.

Regressámos bem depois da malta do Clube ter bazado, todos sãos e salvos. Como nos é mais difícil regressar à bolina com incertas rajadas e quebras de vento, desenvolvemos reflexos e equilíbrio muito apurados que nos servem em inúmeras ocasiões. Ainda assim não deixava de me rir dos insultos do Rucca à “teimosa da vela” enquanto eu, seco, pedia ao Man um pouco mais de vento para me ajudar a equilibrar na princesa, o que quase sempre acontece…

Lavada a vela e posta a secar ao alto, não posso deixar de registar aqui o que me continua a arrepiar (mas de felicidade), que me dá que pensar nestas coisas, e que tanto o Guru e o Messias não deixavam de apreciar e referiam-me isso – o facto de ser abençoado, sensível e bom. Reafirmam-me isso ainda, sempre que uma conversa mais profunda desemboca neste assunto, o que me deixa muito orgulhoso e feliz por ter amigos destes.
O que se passou?... Uma pomba branca, na areia, ao pé da “princesa”…

Arrumando todo o material com um ligeiro desconforto pelo frio que começava a cair, íamos puxando conversas animadas acerca das aventuras da tarde magnifica e do que tinham sentido sobre as diferentes fases ao longo do percurso costeiro.
O dia terminou duma maneira como já há muito não acontecia – com uma cervejinha de confraternização no Duche Bar. Desta vez ficou por conta do Rucca.
E tudo isto ainda de dia… =)

Um abraço, vemo-nos no mar…

Tico

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